da Alma (X)



Um clássico!
Bom ano novo para todos.

da Alma (IX)




Aqui vai a minha lista, por estes dias obrigatória, de melhores álbuns do ano. Estes foram também os álbuns deste ano que eu mais ouvi.

01 - Marcelo Camelo "Sou"
02 - TV On The Radio "Dear Science"
03 - Vampire Weekend "Vampire Weekend"
04 - The Roots "Rising Down"
05 - Toumani Diabate "The Mandé Variations"
06 - Beck "Modern Guilt"
07 - Lansiné Kouyaté & David Neerman "Kangaba"
08 - Girl Talk "Feed The Animals"
09 - 9th Wonder & MURS "Sweet Lord"
10 - Femi Kuti "Day By Day"
11 - Erykah Badu "New Amerykah Part 1"
12 - Neco Novellas "New Dawn - Ku Khata"
13 - Foge Foge Bandido "O Amor Dá-me Tesão / Não Fui Eu Que Estraguei"
14 - Menahan Street Band "Make The Road By Walking"
15 - Amadou & Mariam "Welcome To Mali"

Refilem aí à vontade na caixa de comentários =)

da Alma (VIII)


Isaac Hayes - Theme from Shaft


Bastava esta música para ele ter ficado para a História.
Obrigado por tudo, Brother Moses!

da Alma (VII)


Para mim o FMMSines2008 acabou hoje. Eu sei que o último concerto já foi há quase uma semana. E para mim o melhor concerto do FMMSines2008 aconteceu hoje, longe de Sines. Foi aqui em Lisboa, em pleno e repleto Grande Auditório do CCB...
Enquanto em alguns céus de outras paragens se assistiu hoje a um eclipse solar, hoje assisti a um eclipse musical, em cima dum palco. Ver Tony Allen a tocar ao vivo é mais que um mero concerto, mais que apenas um espectáculo, é todo um acontecimento. Ele eclipsou-se mesmo ali à nossa frente, transformou-se num ser que comanda o nosso ritmo cardíaco, o pulsar do nosso corpo, o bombear do nosso sangue. Ele e aquela tarola com um som único. Foi este acontecimento que faltou ao FMM Sines 2008 para eu voltar para casa plenamente satisfeito.
Voltando uma semana atrás e ao FMM propriamente dito, não vou fazer uma análise detalhada de todos os concertos que vi mas vou apenas falar dos que gostei.
Marful - Vieram da Galiza e transformaram o Castelo num verdadeiro salão de baile com muitos ritmos latinos tradicionais à mistura. Bela presença da vocalista Ugia Pedreira e muito interessantes, pena que breves, as aparições dos bailarinos.
Toto Bona Lokua - O único disco deste projecto foi para mim uma bela descoberta e um caso de paixão à primeira escuta, isto há quase um ano. Não foi por isso estranho este ser o concerto que gerava mais expectativa dentro de mim. São 3 excelentes músicos, com carreiras a solo já conhecidas, que se decidiram juntar para gravar um álbum e divertir-se. Se no disco essa boa-disposição é notória, ao vivo é contagiante. Eles riem em cima do palco e deixam o público a rir até às lágrimas. A certa altura, ouvimos o teclista a avisar Toto, Bona e Lokua que têm de continuar a tocar porque há um horário a cumprir. Foi, sem sombra de dúvidas, o concerto mais divertido de todo o Festival. Os músicos são Gerald Toto (guitarra e voz, das Ilhas Martinique - Antilhas), Richard Bona (baixo e voz, Camarões) e Lokua Kanza (guitarra e voz, R. D. Congo).
Orchestra Baobab - Muita expectativa também para este concerto. Uma banda histórica da música senegalesa. Esta Orchestra formada por 4 vozes, duas guitarras, dois saxofones, um baixo e uma bateria/percussões encantou-me e deu-me uma enorme e urgente vontade de ir até Dakar, ouvir esta fusão de ritmos afro-cubanos com as melodias das guitarras muito assentes na tradição da rumba congolesa e do highlife e dançar até o sol se pôr. E depois continuar até o sol se levantar de novo. Senti, durante este concerto, uma brisa quente vinda de Àfrica que deixava a música respirar e eu a suspirar.
Toubab Krewe - Primeira surpresa / descoberta do meu FMM2008. Cinco músicos americanos partem para Àfrica em 2005 para aprender a música local com os mestres. Param no Mali, na Guiné Conakri e na Costa do Marfim e por lá descobrem a Kora, o Ngoni e variadas percussões tradicionais. Juntam a isso uma guitarra pouco rock e muito funk, um baixo muito reggae e nada rock e uma bateria meio jazz / meio funk e conseguem uma fusão perfeita entre a música negra tradicional vinda de Àfrica e a música negra mais moderna vinda da América. Resultado muito interessante e a mostrarem que mereciam o palco do Castelo. De notar que foram dos poucos músicos não-africanos a tocar no excelente "Festival Au Desert" no Mali.
Faiz Ali Faiz - Este "qâwall" paquistanês veio substituir outro, Asif Ali Khan, que não pôde entrar na Europa por problemas de visto. Burocracias à parte, foi um concerto belíssimo e o mais espiritual deste ano. Oito músicos, sentados em cima dum estrado montado na frente de palco, deliciaram a parte da plateia mais atenta (aquela que não estava ali só para dançar...) com os cânticos sufis, de melodias repetitivas e hipnóticas com o objectivo de nos envolver num transe colectivo até atingirmos um estado de êxtase interior. Eu posso dizer que atingi e senti-me renovado depois desta celebração, mesmo sem perceber uma palavra do mestre. Destaque para o miúdo que tocou perfeitamente as tablas durante uma hora e tal sem ter vacilado um minuto.
KTU - Ainda em estado de êxtase, entraram em palco três demónios do Inferno. Depois de os ter visto no mesmo local há 3 anos atrás, eis que eles voltam ao local do crime. Eu ainda pensei estar preparado para este concerto mas acho que nunca vou estar preparado para isto. Por muitas vezes que os veja e ouça. Eles são Kimmo Pohjonen no acordeão cheio de efeitos, um guitarrista/baixista (aquele instrumento chama-se Warr e tem 10 cordas...) e um baterista (ambos ex-King Crimson). Não há maneira de descrever este concerto sem, mais uma vez, usar a palavra diabólico ou demoníaco. Aquele acordeão traz sons verdadeiramente guturais, do mais fundo das cavernas, para os temas de construção progressiva e psicadélica. Espero que voltem cá, daqui a uns anos, para repôr alguma vertigem diabólica na minha vida.
Koby Israelite - Este acordeonista vindo de Israel foi meia-surpresa para mim. Já conhecia o trabalho dele na Tzadik (editora de John Zorn) mas ao vivo pareceu-me mais estimulante e excitante. Às melodias vindas da tradição Klezmer, saídas do seu acordeão, juntaram-se ritmos e desvarios jazz (por vezes quase free) e rock servidos por uma banda bastante competente e criativa composta por guitarra, teclados, baixo e bateria. De destacar o baixista Yaron Stavi, careca e gigante, que tocava com uma fúria tal que parecia não querer levar o baixo inteiro para casa.
Rokia Traoré - Esta senhora vinda do Mali resolveu oferecer um dos melhores espectáculos a que já tive o prazer de assistir em toda a minha vida. Posso dizer que não estava nada à espera deste excelente concerto e que ao final da segunda música era já, na minha humilde opinião, o melhor de todo o FMM2008. Que as músicas do novo álbum eram óptimas, já se sabia. Que os músicos que a acompanhavam já tinham certa rodagem juntos, também já se sabia. Mas, mesmo assim, e com as expectativas muito lá em cima pareceu fácil superá-las. Música após música. Rokia tem uma voz fenomenal, original e criativa, como há poucas em todo o mundo. E sabe usá-la como ninguém, quente e doce quando quer, possante e cheia quando tem que ser. A acompanhá-la estavam dois músicos do Mali, um na guitarra eléctrica e outro no ngoni a assegurarem as melodias tradicionais com passagens harmónicas pelo highlife e outros dois ocidentais, um no baixo e outro na bateria, a assegurarem todo o groove psicadélico com passagens pelo funk dos primórdios. Afro + Funk = Rokia! De realçar a bela senhora que fazia segundas vozes e que tinha os passos de dança mais cool de todo o universo. Tenho a impressão que o verso "Africa woman is a lady..." foi dedicado a ela. Pelo menos por mim, foi. Apaixonante.

da Alma (VI)

Eu gosto da Amy Winehouse. Gosto das músicas que ela escreve e da maneira como as interpreta. Não quero, de maneira nenhuma, fazer o papel de "advogado do diabo" mas tenho lido e ouvido bastantes críticas péssimas em relação ao concerto dela no último Rock In Rio. Eu não fui vê-la e por isso, antes de formular uma opinião, decidi ver os vídeos todos que estão no youtube e que foram transmitidos em directo pela sic radical. E a minha opinião é muito simples: tomara milhões de cantoras por esse mundo fora terem um por cento da voz da Amy, e da sua genuína e sincera interpretação e até da sua honesta demonstração de sentimentos ("Love Is A Losing Game"), mesmo quando ela está rouca e com álcool e/ou drogas a mais em cima. Se me apresentarem uma compositora e intérprete ao nível desta Amy que apareceu no Rock In Rio, eu próprio peço um empréstimo ao banco para lhe gravar um disco. Espero que alguém tenha a decência de a enfiar num estúdio e gravar aquela voz rouca. Antes de ser internada outra vez.



Amy Winehouse - "Tears Dry On Their Own" (ao vivo no Rock In Rio 2008)

da Alma (V)

Oops... He did it again!
Eu sei que já abusei do tempo de antena sobre o David Byrne mas ele gosta de me surpreender. Agora meteu um orgão no meio dum armazém em New York, ligou as teclas a certas partes do edifício e... voilá!
Vale a pena ver o vídeo em que ele explica tudo:


Please press play.

da Alma (IV)

De luto.
No passado dia 14, juntou-se mais um nome à Grande Orquestra do Além. O pianista de jazz Esbjorn Svensson (famoso pelo seu trio E.S.T.) vai, com 44 anos de idade, poder tocar com Miles, Coltrane, Mingus e muitos outros.
Este pianista sueco, juntamente com Dan Berglund no contrabaixo e Magnus Ostrom na bateria, foi construíndo uma carreira com base no desafiar constante das fronteiras do Jazz. Conquistou o respeito da crítica e a admiração do público com a fusão de standards com ritmos pop/rock e alguns apontamentos electrónicos. Com 13 àlbuns editados em 15 anos de carreira, este trio foi abrindo muitas portas do Jazz ao público Pop/Rock e também abriu as janelas do Pop/Rock aos músicos de Jazz. Bastou deixar entrar uma brisa do universo Pop/Rock para o Jazz ganhar outro ar, outra cor diferente do corrente free/improv mas igualmente contemporâneo. Por tudo isto mas principalmente pela obra gravada, e deixada como herança para todos nós, só me resta dizer: Obrigado Esbjorn!
(Agora vais ter o prazer de tocar o "'Round Midnight" ao lado do próprio Monk...)




Esbjorn Svensson Trio - "'Round Midnight" (Thelonious Monk)

da Alma (III)

Talking Heads - "(Nothing But) Flowers"

A propósito do Earth Day, 22 de Abril, lembrei-me dos Talking Heads por duas razões. Por esta música (Nothing But Flowers) e por um artigo de David Byrne (o vocalista e líder da banda) em relação ao tema "world music" publicado pelo New York Times do dia 3 de Outubro de 1999. Em relação à música, vejam o vídeo e atentem na letra, está lá tudo explicado. Em relação ao polémico artigo podem consultá-lo na íntegra aqui. Antes de mais, uma breve apresentação do Senhor Byrne: nasceu na Escócia em 1952, mudou-se com os pais para Ontario, Canadá e depois para Maryland, E.U.A. ainda jovem. Aos 20 anos, frequentou a Escola de Design de Rhode Island onde conheceu os outros Talking Heads. Já inserido na cena arty de New York, gravou com Brian Eno (o fantástico "My Life In The Bush Of Ghosts"), musicou um bailado de Twyla Tharp ("The Caterine Wheel"), colaborou com Ryuichi Sakamoto na banda sonora do filme "The Last Emperor" de Bernardo Bertolucci, expôs também por várias galerias as suas instalações. Um artista completo portanto, tendo sido premiado ao longo da sua carreira com importantes prémios tais como Grammy, Oscar e Golden Globe. Fundou a importante editora musical Luaka Bop, que desde meados dos anos 80 se prestou a lançar de um modo independente mas com distribuição "major" vários músicos das mais variadas coordenadas do mundo, entre eles King Changó, Tom Zé, Susana Baca, Os Mutantes, Zap Mama, Cornershop, Jim White, Waldemar Bastos, Paulo Bragança. Criou assim um importante e muito interessante catálogo de "world music", certo? Nada mais errado!



Para perceber esta declaração, recomendo que leiam o artigo! É soberbo e eu subscrevo-o por inteiro!
David Byrne vive actualmente em New York.

David Byrne - "Glass, Concrete & Stone"

da Alma (II)




No passado dia 19 de Abril celebrou-se efusivamente nos E.U.A. o "Record Store Day" com várias iniciativas nas lojas de música independentes e também em vários sítios online. Foi criada uma página oficial do evento (http://www.recordstoreday.com) onde se pode ler, entre muitas informações úteis sobre este dia, alguns depoimentos de famosos do mundo da música.
Fiquei, por exemplo, a saber que o Mike Patton (vocalista dos Mr Bungle, Fantomas, Faith No More, Tomahawk, etc.) antes de ser músico famoso era conhecido por trabalhar dentro dum balcão a vender discos (imagino as recomendações e sugestões dele ehehe). Mas, por entre muitos depoimentos sobre as "record stores", quero aqui destacar um feito por um escritor que nunca se coibiu de demonstrar o seu amor pela música. Chama-se Nick Hornby e é conhecido por, além de tal como eu ser fã do Arsenal, ter escrito "High Fidelity" / "Alta Fidelidade". Um livro que para mim sempre foi uma inspiração e uma lição de vida, não tanto em termos profissionais mas mais em termos de relacionamento com os outros. Nick Hornby foi também, durante uns tempos, crítico musical no conceituado "The New Yorker". Aqui vai então o depoimento dele:
"Yes, yes, I know. It's easier to download music, and probably cheaper. But what's playing on your favourite download store when you walk into it? Nothing, that's what. Who are you going to meet in there? Nobody. Where are the notice boards offering flatshares and vacant slots in bands destined for superstardom? Who's going to tell you to stop listening to that and start listening to this? Go ahead and save yourself a couple of quid. The saving will cost you a career, a set of cool friends, musical taste and, eventually, your soul. Record stores can't save your life. But they can give you a better one."

da Alma (I)

Caros amigos, sejam bemvindos!
Este é o "prelúdios e fugas", um blogue de todos e para todos. Sobre música. Toda a música. Todas as músicas. E cinema também. E fotografia. E tudo. Ou quase!
Vão poder ler aqui opiniões diversas de várias pessoas com gostos muito diferentes. Vão encontrar aqui "prelúdios" que funcionarão como ponte entre aquele artista por nós adorado e aquele artista por vós descoberto, o que não implica que o tenham de adorar também... Para isso vamos aqui escrever com amor à arte e com toda a imparcialidade que isso representa quando se trata de falar daquele nosso querido génio. Da mesma maneira vamos criticar aquilo que não gostamos. Este é um espaço livre e com a mente aberta.
Vão ficar a conhecer as "fugas" dos nossos enviados especias a Barcelona, Madrid e Londres.
Qualquer crítica, divagação, pergunta será muito bem recebida e respondida. Podem enviar também sugestões, correcções e alguns tostões.
Espero que se divirtam!
Obrigado =)