free-prog-indie-post-jazz


Portico Quartet é um produto da Londres do século XXI. Passaram ontem pelo lindíssimo Teatro São Luiz para apresentar o seu mais recente álbum "Isla". Segundo registo que veio, de novo e depois de "Knee-Deep In The North Sea", refrescar e desbravar novos caminhos na cena jazz mundial. Este jovem quarteto inglês apresentou-se no seu formato tradicional com bateria, contrabaixo, saxofone e a particularidade original da utilização de três hang-drums, instrumento de percussão similar ao steel-drum característico da música tradicional caribenha, que constrói uma base harmónica atraente que aquece e encorpa cada um dos temas. As melodias ficam entregues aos saxofones de Jack Wyllie que utiliza um tom agridoce, ao melhor estilo de Mark Turner e à corrente mais free de Nova Iorque. A secção rítmica, constituída por Duncan Bellamy na bateria e Milo Fitzpatrick no contrabaixo, hipnotiza-nos com a apropriação jazzística de ritmos tão diversos como a valsa e o reggae criando momentos de tensão, à base de muita contenção. Não sendo intérpretes de excepcional qualidade possuem uma criatividade que os leva a usar vários pedais de efeitos e electrónica diversa nos seus instrumentos, excluindo o hang drum. Este grupo pega no legado do Esbjorn Svensson Trio e leva-o a paragens por onde também se situa Todd Sickafoose. Levam o espírito indie ao jazz e as estruturas do jazz ao indie.

separados à nascença



black & white


godDilla


James Yancey, conhecido no mundo do hiphop por J Dilla ou Jay Dee, faleceu em 2006. Os beats por ele produzidos continuam a ser usados por vários MC's para rimar por cima. Ele foi e sempre será, de longe, o meu produtor favorito de instrumentais hiphop. Pelo cuidado que tinha em tratar todos os sons, fossem samples ou baterias. Pela criatividade e imaginação que punha em todas as faixas. Pelo passo à frente que representavam as suas novas produções. Foi um artista sempre preocupado em evoluir, em crescer, em desenvolver a sua técnica. Foi único e continua a soar fresco, todos os dias. Na minha humilde opinião, ele foi para o rap aquilo que décadas antes Lee "Scratch" Perry tinha sido para o reggae/dub. Um verdadeiro revolucionário que fez da mesa de mistura a sua arma.
Por ocasião do 6º aniversário da sua morte, a Stussy resolveu produzir um documentário como homenagem a este verdadeiro mestre do beat-making. Aqui vai ele, para quem tem curiosidade e um pouco de tempo. Espero que gostem!
Long Live the D.