a luz
Depois de um dia com os franceses engravatados. Depois de uma reunião para falar de aumentos. Depois de me esquecer dos empréstimos. Depois de tudo e mais alguma coisa, saio à rua, respiro o ar quente no Chiado e vou a ouvir esta música em repeat até casa:
silêncio
Au Fond du Temple Saint
"Au fond du temple saint
Paré de fleurs et d'or,
Une femme apparaît!
Je crois la voir encore!
Une femme apparaît!
Je crois la voir encore!
La foule prosternée
La regarde, etonnée,
Et murmure tous bas:
Voyez, c'est la déesse!
Qui dans l'ombre se dresse
Et vers nous tend les bras!
Son voile se soulève!
Ô vision! ô rêve!
La foule est à genoux!
Oui, c'est elle!
C'est la déesse
plus charmante et plus belle!
Oui, c'est elle!
C'est la déesse
qui descend parmi nous!
Son voile se soulève et la foule est à genoux!
Mais à travers la foule
Elle s'ouvre un passage!
Son long voile déjà
Nous cache son visage!
Mon regard, hélas!
La cherche en vain!
Elle fuit!
Elle fuit!
Oui, c'est elle! C'est la déesse!
En ce jour qui vient nous unir,
Et fidèle à ma promesse,
Comme un frère je veux te chérir!
C'est elle, c'est la déesse
Qui vient en ce jour nous unir!
Oui, partageons le même sort,
Soyons unis jusqu'à la mort!"
da ópera "Les Pêcheurs de Perles" de Georges Bizet
David Byrne & Rufus Wainwright:
março, marçagão
meio caminho
Regresso a casa, ao fim da tarde.
O sol desce o céu lentamente, à minha frente.
O vento entra por todas as janelas abertas, do eléctrico de madeira. Que abana por todos os lados. Que voa pelos carris.
Tenho em mim aquela sensação de cansaço dum dia comprido e do dever cumprido.
Se adormecer aqui, não passo da Ajuda.
O sol desce o céu lentamente, à minha frente.
O vento entra por todas as janelas abertas, do eléctrico de madeira. Que abana por todos os lados. Que voa pelos carris.
Tenho em mim aquela sensação de cansaço dum dia comprido e do dever cumprido.
Se adormecer aqui, não passo da Ajuda.
flora futura
Passo a passo, pelo compasso.
O trombone com o trompete.
O piano aqui nasceu.
As cordas do violino enroladas. Na guitarra.
O contrabaixo marcha ao lado do bombo.
Sem destino. Clandestino.
Não faz sentido. Faz música.
Faz o que quiseres.
E leva-te. Eleva-te.
O trombone com o trompete.
O piano aqui nasceu.
As cordas do violino enroladas. Na guitarra.
O contrabaixo marcha ao lado do bombo.
Sem destino. Clandestino.
Não faz sentido. Faz música.
Faz o que quiseres.
E leva-te. Eleva-te.
sexta-feira 13
Sinto o fresco na nuca.
Levanta-se a primeira página do jornal de hoje. Com as notícias de ontem. E a previsão metereológica para amanhã. E os cinemas para mais logo.
Rockets numa penthouse de Manhattan.
A manipulação de lucros.
O bebé fechado no carro.
As taxas a zero.
Oito meses de alegria?
Rir noutra língua. Em todas as línguas.
Luzes amarelas em candeeiros verdes e luzes brancas nos pequenos.
E a lua. Que o sol já se foi. Daqui. Por hoje.
Doce brisa primaveril no final invernal. E semanal.