Tiago Sousa. Maria Matos.


Há notas soltas no ar, atiradas aos nossos ouvidos.
Há pautas no coração do piano. O encontro da obra com o instrumento.
Há pedais de efeitos que nos fazem viajar. Em hipnose.
Há temas novos a estrear. E antigos com novas cores.
Há uma raiva escondida, uma fúria silenciosa.
Há um controlo racional da emoção. Que emociona.
Há paisagens e ambientes em viagens só de ida.

Não há palmas enquanto não há silêncio.

Há piano e teclado. E uma tarola encoberta tocada com delicadeza.
Há um violoncelo em forma de mulher. E uma mulher que o toca.
Há um homem alto que sopra num clarinete-baixo e nos leva ao Oriente.
Há um microfone que recebe os gritos processados que vêm do fundo.

Não há cadeiras vazias na bancada.

Há vento na floresta. Sol de fim-de-tarde na praia.
Há chuva no deserto e um avião que faz sombra quando passa.
Há uma luz sóbria que acompanha os músicos. Um a um.
Há História e Filosofia. Literatura e Cinema.
Há música no teatro, arte no espectáculo.
Há falta de palavras. Dele e de nós.

Não há encore.



(próximo concerto: dia 01 de Abril na Livraria Trama, Lisboa)
(fotografia de: Vera Marmelo)

1 comentários:

Ana Pena disse...

vai estar na Livraria Trama dia 1 Abril (3 eur!!) Acho que não vou perder!!!